quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

El Primer

Isso a seguir foi a primeira coisa que eu escrevi num dos meus diários, o que corresponde ao terceiro ano de colegial. Coloco aqui só porque eu gosto desse começo etc.
Nota: eu decidi o que vou fazer quanto a ter dois blogs: lá eu posto ficções/poemas/cronicas etc (enfim, minha pseudo-literatura), e aqui eu posto como se fosse um diário etc. E, claro, aqui tem o diálogo com meu amigo 3,14, que em breve vai malhar com sua maldade nariguda meu post-de-letra-de-música.

Enfim, segue.

Antes, um esclarecimento: esse diário é o que mantenho até hoje, digitalmente. O outro diário a que me refiro no texto é um caderno, que eu enchia de desenhos. Até hoje faço isso, tenho um diário físico, pra emergências criativas e desabafos (mas que no fim encho de desenhos, mesmo), e um digital, que é um diário propriamente dito.

*

“These words I write keep me from total madness” – Charles M. Bukowski

Resolvi começar a escrever. Sobre qualquer coisa, dia-a-dia. Bem, eu tenho um diário, mas eu mais desenho e rabisco do que escrevo de fato.

Pego o Ipiranga todo dia. Saio do colégio, ando até uma esquina ali perto, espero uma van que leva até um shopping, daí, do Shopping, ando umas seis quadras até o ponto de ônibus. Foi assim que descobri o quanto aquele filhodaputa do Murphy estava certo. Sempre que chego a uma quadra do ponto, a porra do ônibus passa. S-E-M-P-R-E. Puta que pariu, é uma coisa incrível. Toda vez!

Mas de qualquer jeito, isso nunca foi grande problema, porque eu posso me atrasar mesmo. Nunca faço porra nenhuma quando chego em casa. Eu deveria, claro, porque tô indo meio mal no colégio.

Bem, não que eu não faça nada da vida. Eu ando lendo bastante. E eu durmo também. E perco tempo com joguinhos de computador, o que é uma merda.

Também tenho procurado umas bandas novas. Sempre me falaram que VU e Stones eram fodas, mas eu nunca me dera o trabalho de conhecer. Agora eu baixei umas músicas. Gostei bem mais de Velvet e já conhecia alguma coisa dos Stones, e tal.

De qualquer modo, hoje no ponto tinha uma mulher incrível. Uma daquelas de historias do Bukowski. Quase etérea. Tatuagem no lugar certo, e um vestido que em qualquer outra exalaria cotidiano. Unhas vermelhas. Óculos escuros.

Ela subiu no Ipiranga. Tirou os óculos. Sentei dois assentos atrás, mas ainda dava pra vê-la através do reflexo. E as unhas vermelhas balançando com o ônibus. Sim, pés. Ela abriu uma revista de moda e ficou olhando as roupinhas que queria comprar. Oh, e eu tive esperanças.

Não que eu estivesse procurando relacionamentos, mas enfim, acho que não existem mais pessoas diferentes. Idéias criativas, ou mesmo bons escritores atuais. Tudo igual e tudo chato. E eu não consigo me desvencilhar disso.

Como disse, eu leio bastante. Ao terminar Capitães da Areia (Jorge Amado), retomei Vagabundos Iluminados (do Kerouac). Eu geralmente não faço isso, mas dessa vez eu li alguns livros ao mesmo tempo. Tem gente que odeia quando isso acontece (como se fosse um fato inevitável!), mas pra mim não fez a mínima diferença.

Vagabundos Iluminados mostra a “busca por iluminação” de alguns jovens norte-americanos. Gostoso de ler de um jeito parecido com Bukowski, mas um pouco mais devagar. (Sweeeet Jaaaane). Aliás, o velho Bukowski é um cara incrível.

Escreve e vive que nem um verdadeiro filósofo, ao que me parece.

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