terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Ad(vertising) Infinitum

Sempre sonhei grande demais para mim. Nada contra mim, é claro, mas sempre quis ser maior do que o possível a seu tempo. Hoje queria estar na lista dos pré indicados ao Oscar. E queria já ter ganho no mínimo um Globo de Ouro (pra não dizer um Urso Berlinense).

Mas desde que minha liberdade infinita acabou eu só faço publicidade. Publicidade demais. Os efeitos colaterais são terríveis.
Ontem a Renault anunciou um recall de todos os carros "Logan". Aparentemente eles saem de fábrica com um defeito de "risco potencialmente fatal" (nas palavras da própria empresa).
O comercial do Logan (que é o recordista de vendas da montadora no Brasil) fui eu quem fiz. Não apenas trabalhei nele como assistente de direção como também atuei. Pode-se dizer, portanto, que sou responsável indireto pelo risco de vida de mais de 10 mil pessoas (número de logans vendidos no Brasil em 2007).

E não aprendi com a lição. Vem aí uma campanha de outra marca de carros (dessa vez envolvendo 10 dos 12 modelos que eles vendem).

Bolas azuis nos olhos das pessoas são sempre coisas bonitas. Gosto de pensar nelas. (As verdes também atraem um bocado).

Sabe quando você é pequeno e tem um ídolo e depois você vai lá e se decepciona porque descobre que o que ele fazia na época não era lá grande coisa? Bom, pois é. Tenho tido medo de descobrir que todos os meus ídolos atuais façam isso comigo daqui uns anos. Não sei se ficaria feliz por estar mais maduro intelectualmente ou triste por perceber que todos os meus conceitos de estética e arte foram ao chão.

Eu gosto de panqueca. Quando eu era pequeno meu irmão disse pro meu pai uma vez que ele tinha me visto comendo meleca de nariz. Mas era mentira. Meu pai também dizia que eu fazia isso. É incrível como eles foram as únicas pessoas que viram isso alguma vez na minha vida. Consigo imaginar os dois rindo disso e fumando charutos até hoje.
Ser criança é uma foda.

Queria ter uma luneta de pirata. Yarrr

Um comentário:

Tefo disse...

João, este texto te mostra inteiro. Depois, comigo do seu lado, queria conversar sobre ele.

Acho meio fascinante como os desejos e receios de dois tempos co-habitam um mesmo espaço.

Eu não lembrava que você tem um irmão.